terça-feira, 30 de abril de 2013



Convite

Seu convite chegou em um momento,
Em que a vida parece querer me judiar,
Não sei se aceito e vou lá fora,
Ou se eu fico aqui para perder a hora.

Queria ter certeza.
Mas com certeza,
Ter certeza não é meu normal.
Eu me pergunto sempre como estou.
Se estou aqui,
Se estou lá fora.
Se fico aqui,
Ou se pra longe vou.

Só o que sei.
Seu convite chegou bem na hora!
Vou aceitar...
Contigo, vou seja onde for.
Saio daqui sem vacilar...
Contigo meu amor,
Vou à gualquer lugar.

Elci Moreira de Souza.
27/6/09
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Minha mãe e tia



        Canto



Canto porque a música sai

Dos meus lábios,
Sem que eu poça controlar.

Canto porque estou só.
Canto porque a música sai
Do meu peito pra me aliviar.

Canto porque a música sai
Vestida de dor,
De saudade,
E me faz chorar...

Canto porque em meu canto
Encontro às ondas
Que levou meu mar.

No meu canto sozinha
Encontro-me a vagar no ar.
E as lembranças,
Derramam-se pelo meu cantar

Canto porque estou só
E só,
só levo saudades,
Em meu caminhar.

Canto porque meu canto
Enche-me de encanto,
Por isso eu canto.
Com dor,

Com saudade,

E desencanto.


E mesmo desafinada,
Eu canto.
E canto mesmo,
Sem saber cantar.
Porque meu canto,
É o meu jeito triste de chorar.


Elci Moreira de Souza.
                                                       24/09/06

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Era


Era um tarde que caía.
Era uma noite que nascia.
Olhei para o céu e vi.
Vi a mistura de cores
Alucinando o céu.

De um lado o sol que morria,
Recolhia seu fogo ainda quente.
Do outro, a majestosa névoa negra,
Ameaçava escurecer a vida,
E esfriar o coração da gente.

Era a natureza que se repetia,
Fechei meus olhos e fui dormir.
Era em mim, a alma de pintor,
Chorando de emoção.



                                          Elci Moreira de Souza
                                                       1996

domingo, 28 de abril de 2013

Face ou Carta?
Sinto falta do tempo em que a comunicação era feita através de cartas. Não que eu recebesse muitas. Mas as poucas que tive o prazer de receber me trouxeram ternura carinho. E amor em forma de palavras curtas e simples.
Não raramente chegavam as nossas casas, trazendo um cheiro bom de amizade. Enfeitadas com lindos desenhos e crominhos que sempre nos remetia a um espaço de arte e sonhos coloridos.
Também tinha as cartas com notícias tristes, que ninguém queria receber.
E as cartas de amor?! Se fossem da pessoa amada se comparava a uma canção enchendo os corações de sentimentos mil. Muitas vezes mal escritas, mas quem as recebia, geralmente só entendia a mensagem, que trazia em suas linhas subscritas.
E na escola, a professora era quem primeiro nos ensinava a arte de escrevê-las. Aula que a gente aprendia facilmente. Aproveitando para enviá-las aquele menino ou menina, com quem a gente, não tinha coragem de dizer nem um simples olá! Pequeno papel, cheio de riscos e rabiscos, feitos por quem mal começara a viver e já se debatia entre em um atoleiro de sentimentos incompreensíveis, para almas tão despreparadas e nuas. Mas que quase sempre era recebida e escondida entre folhas amareladas de um caderno. E sempre terminava embaixo de algum brinquedo, colchão ou outro objeto do quarto. E acabava guardada eternamente no baú de recordações no fundo de um coração.
Bilhetes, cartas telegramas, são coisas do passado. Hoje, a nossa correspondência, se transformou em um punhado, de papeis frios e feios, que se não for cobrança, com certeza será propaganda comercial, ou pior ainda. Propaganda eleitoral.
Eu ainda estou bem. Pois tendo uma assinatura de Seleções do Reader’s Digest, espero sempre encontrar algum artigo interessante para ler, quando minha netinha vem correndo do portão gritando: Vó! carta pra você! Quase sempre reclamando por que não receber cartas também.  Na verdade ela não tem idéia, do que seria uma carta.
Antes inventaram o telefone. Objeto prático e de valor tão grade que se podia trocar por uma casa ou carro. Era moeda caríssima. Que logo se tornou popular e indispensável, mas saindo muito caras, as ligações foram ficando cada vez mais curtas e raras. E até mesmo frustrantes. Já que as empresas de telefonia deixam muito a desejar. Aí veio o celular que de tão comum ficou outra vez, impossível de atender as necessidades de todos nos. Ninguém com bom senso poderá passar horas, conversando, ou resolvendo seus problemas, no celular. Mesmo porque, são poucos os atendentes das empresas, bem preparado para lidar com o público.
Então o computador, que só estava ao alcance de poucos, tornou se peça comum e indispensável em quase todas as casas.
Aí chegou a internet. Com a chamada globalização, virando revirado e expondo o mais íntimo das pessoas.
E agora todos nós estamos na mesma panela.
Outro dia, minha filha, mostrou-me uma foto do nosso portão dos fundos, onde minha varandinha mostrava ao mundo, até minhas toalhas de banho no varal. Tudo fotografado no tempo e na hora por satélites.
Então, eu em cima dos meus sessenta e dois anos, estou quebrando a cabeça e aprendendo a usar o Facebook. Que agora é o meio mais comum de comunicação. Só não sei até quando.
Mas ainda me fica a pergunta:
Mandar recados para alguém que você ama, em um veículo público?
Estamos realmente nos comunicando? Ou simplesmente brincando de nos comunicar?
Conclusão.
-A Globalização nos tirou as cartas.
As visitas tão esperadas de parentes e amigos.
As conversas simples no portão. Quando o adulto “botava o papo em dia”, sentados em banquinhos rudes de madeira, ou cadeiras de ferro com almofadas artesanais. Senhoras com uma barriga redondinha teciam ponto a ponto aquele que seria, o primeiro casaquinho ou sapato de mais um membro daquela família. Meio afastado, em sua espreguiçadeira, um gordo senhor escondendo a cara nas folhas de um jornal ainda quente da gráfica, fingia não escutar a conversas das vizinhas.  Enquanto a gurizada corria e pulava ao redor aproveitado a fresca das tardes de outono.
A Globalização nos tirou não só a privacidade, mas está transformando nossas crianças em pequenos adultos com responsabilidades que antes era só pra gente grande .E finalmente, o infinito prazer de receber um olhar, um sorriso, uma palavra, e um abraço apertado e aconchegante, daquele “dileto” amigo.
Podem me chamar de velha. E sou mesmo. Mas ainda prefiro o calor simplicidade, e a intimidade das cartas.
Elci Moreira de Souza.
10/04/13

                                   
Só. Sou. Quero.


Sempre estamos sois neste mundo.
Embora um mundo nos cerque,
A solidão é doença,
Que nasce junto com a gente.

Sou uma faísca que se apaga,
Quando mergulho no implacável eu.

Quero me dar.
Repartir-me completamente.
Mas tem uma parte da gente,
Que não se abre pra nada.

É o recôndito abismo do interior.
Este “Eu”, infinito pecado ,
Que não se abre,
Nem para eu conhecer.

E tudo o que sou se abala.
No mistério que se cala,
Chorando a dor de ser.

Que não tem certa a certeza.
Que duvida da beleza,
Do que sou.
Ou do que venha a ser.


                                          Elci Moreira de Souza.
                                                   10/08/1997

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Brisa Branca


O silencio se espalha por todos os cantos da minha casa.
Portas e janelas, irremediavelmente paralisadas.
Parecem me provocar.
Até mesmo por todos os armários e gavetas
Espalha-se e se avoluma de tal maneira,
Que nem sei explicar.
Nem uma música.
Nem um som.
Só mesmo essa falta do riso da Aninha.
De sua voz forte e travessa.
De sua alegria infantil tão rica tão pura,
Derrama-se por todos os lugares de meu quarto triste.
Estou só.
Só como sempre fui.
A mesma solidão que só se ameniza,
Quando todos voltam para casa.
É este silencio branco que se transforma em vento, em brisa fria.
E me congela a alma,
E mata mais uma vez a vida em mim.

                                   
                                        Elci Moréia de Souza
                                                 12/09/07

terça-feira, 9 de abril de 2013




Literata


Durante tenra infância,
Fui chamada de desenhista.
Mas tarde corajosa.
E até mesmo artista.

Porem o maior elogio,
Que na vida recebi,
Partiu de um grande poeta.
O maior que conheci!

Coisa assim eu nunca vi!
Chamou-me de literata,
Por coisas simples, coisinha de nada,
Que na vida eu escrevi.

Ah! Quisera se desenhista.
Corajosa, mesmo artista.
Ou quem sabe literata?

Iria escrever bastante.
Com muita intensidade.
Escrever coisas tão lindas,
Com muita dignidade.

Se literata eu fosse,
Ouça o que vou dizer.
Tornar o mundo mais doce,
Fazendo a verdade valer.


                                                      
Elci Moreira de Souza
                                                                  4/10/08
Amigos
Amigo pode não ser irmão de sangue, mas se é de verdade, tem o mesmo valor. Eu tenho poucos amigos.
Mas todos os eu que tenho, são importantes para minha felicidade.
Não preciso citar nomes, ou identificá-los, pois quem me tem amizade, sabe que estou falando com ele.
 Amizade é coisa seria.
E para valer à pena, não comporta cobranças, nem de longe a traição.
Amizade é coisa leve e sempre traz alegrias.
Elci Moreira de Souza
09/04/2013




Morte sem fim


Sou um silencio explodindo emoções guardadas.
Não saio nunca daqui,
pois não tenho nunca a onde ir.

Quem me olha não me escuta
nem sabe o que trago em mim.

Niguem sente meu sofrer
nem tão pouco adivinha o meu querer.

A minha istória não conto,
com medo de seu desaponto.

Na minha garganta fria
emudeceu o meu canto.
E meus olhos secaram
sem derramar minha alma.

Sou o silencio de todas as almas mortas,
que em vão procuram por alguma porta
que ás poça levar de volta á vida.

Essa amargura pesada que trago sempre assim
é quem dilacera meu corpo.
Provocando este silencio
e esta morte sem fim.


Elci Moreira de Souza
30/8/2008

quarta-feira, 3 de abril de 2013


Brilho e Desencanto


Era um dia como outro qualquer.
Um dia cheio de sol.
Um dia cheio de mar.
Era um dia encantado.
Brilhava no céu toda a luz,
Que se pode imaginar.

Era um dia cheio de ar.
Pela porta entrava o sol.
Entrava luz,
Entrava paz.
Entrava amor.

Era um dia...
Um dia que se foi.
Se foi, como o sol.
Se foi com o ar,
Se foi para longe,
Pra nunca mais voltar.

Todo brilho que havia,
Virou noite.
Sumiu no espaço.
Sumiu no tempo.
E o dia que havia,
Que a vida preenchia,
Virou passado.
Se apagou.

Desbrilhou.
Desbrilhou...
Desbrilhou!!!

Elci Moreira de Souza.
10/11/04
Palavras Eternas

Algumas palavras encantaram os recantos da minha vida. Palavras são eternas. Quando ditas permanecem de alguma forma existindo. Tomam corpo nas lembranças nossas ou de alguém que as escutou, ou leu. Ou ainda tomam lugar oculto em algum canto do universo. Por isso temos que cuidar com desvelo de tudo o que dizemos, e escrevemos. Palavras boas geram boas ações, bons sentimentos. Palavras ruins podem destruir toda uma vida.
Há palavras que muito me emocionaram e que jamais esquecerei.
Mas as palavras que mais me tocaram, não foram ditas. Foram sentidas com meus olhos coração e todo o meu ser.
Foi há muito tempo atrás...
Chegue à janela e lá estava ele. Meu pai. Nos fundo do quintal la da casa de Neves. O quarto era bem mais alto que o terreno dos fundos, pois o pai havia aterrado a parte principal da casa.
Lá estava ele próximo a arvore da minha infância. A grande e frondosa árvore que enfeitou, deu magia e beleza aos meus dias de criança. Para completar aquela paisagem, eu via o varal, feito com arame esticado da árvore até a cerca de madeira rústica, com lençóis muito brancos e roupas que dançavam levemente ao sabor do vento. Era uma imagem bastante pictórica.
Cheguei à janela. Ele levantando se rosto queimado, olhou-me sem dizer uma só palavra. Mas naquele momento eu ouvi tudo o que seu coração dolorido de pai poderia me dizer. E estas palavras só me falaram de amor.
Todas as palavras  que eu quis ouvir sem que ele dissesse nada, ficou esquecido. Finalmente compreendi como aquele homem embrutecido pela vida era capaz sentir, em silêncio e guardar no peito um amor tão grade por mim. Sim. Meu pai falou sem dizer nada, as mais sinceras palavras que eu já ouvi na vida.

Elci Moreira de Souza
01/03/2013