Virei a minha cadeira em direção a porta. Queria fazer uma
pergunta a alguém que passava no quintal. Mas enquanto eu me esforçava para me abaixar
e com dor no braço, retirar uma sandália do meu caminho, a pessoa com quem eu
queria falar já estava longe.
Esse pequeno “acidente”, pode até parecer irrelevante. No
entanto só mesmo quem é cadeirante, pode avaliar o quanto, pequenos objetos se
transformam em enormes Obstáculos em baixo de nossas rodas.
É lamentável sentir o descuido e falta de atenção com os
deficientes. Em todos os lugares faltam acesso. Rampas para cadeiras de rodas
são raríssimas. Banheiros adaptados são quase impossíveis de se encontrar nos
locais ditos popular ou não.
As rampas de acesso as calçadas por vários lugares que
passei estão quase sempre interrompidos por algum carro e até mesmo bicicletas
e motos de entregas.
Com os que portam dificuldades visuais, então nem se fala!!!!
Nem sei se aqui existe algum cuidado.
Essas pessoas que tão facilmente colocam obstáculos nos
caminhos dos outros, a meu ver ignoram que algum dia poderão precisar da ajuda
até mesmo de um cadeirante.
Se olharem ao redor com cuidado, verão que ninguém está
livre de nada. E seu descuido e desatenção um dia poderá se virar contra eles.
Um acidente, uma doença, ou até mesmo a velhice, pode levar
a tantas dificuldades físicas, que quem hoje tem seu corpo saudável não pode
imaginar.
É uma pena que eu tenha que estar escrevendo isso.
Gostaria que fosse diferente... Mas seria bobagem minha,
esperar que a as pessoas parassem de olhar para o seu próprio umbigo e gastassem
um tempinho se preocupando em cuidar um pouco dos que mais precisam de um
ambiente onde possam se locomover sem tanto aperto.
Nos os ditos “deficientes”, hoje somos em grande número e
não mais estamos dispostos a nos acomodar. Queremos viver nossas vidas, como
todos. E com todos os nossos direitos e deveres de qualquer pessoa.
Não coloquem Obstáculos em nossos caminhos. Não sejam mais
deficientes do que nós.
Elci Moreira de Souza
30/07/13