sábado, 3 de agosto de 2013


Obstáculos

Virei a minha cadeira em direção a porta. Queria fazer uma pergunta a alguém que passava no quintal. Mas enquanto eu me esforçava para me abaixar e com dor no braço, retirar uma sandália do meu caminho, a pessoa com quem eu queria falar já estava longe.

Esse pequeno “acidente”, pode até parecer irrelevante. No entanto só mesmo quem é cadeirante, pode avaliar o quanto, pequenos objetos se transformam em enormes Obstáculos em baixo de nossas rodas.

É lamentável sentir o descuido e falta de atenção com os deficientes. Em todos os lugares faltam acesso. Rampas para cadeiras de rodas são raríssimas. Banheiros adaptados são quase impossíveis de se encontrar nos locais ditos popular ou não.

As rampas de acesso as calçadas por vários lugares que passei estão quase sempre interrompidos por algum carro e até mesmo bicicletas e motos de entregas.

Com os que portam dificuldades visuais, então nem se fala!!!!

Nem sei se aqui existe algum cuidado.

Essas pessoas que tão facilmente colocam obstáculos nos caminhos dos outros, a meu ver ignoram que algum dia poderão precisar da ajuda até mesmo de um cadeirante.

Se olharem ao redor com cuidado, verão que ninguém está livre de nada. E seu descuido e desatenção um dia poderá se virar contra eles.

Um acidente, uma doença, ou até mesmo a velhice, pode levar a tantas dificuldades físicas, que quem hoje tem seu corpo saudável não pode imaginar. 

É uma pena que eu tenha que estar escrevendo isso.

Gostaria que fosse diferente... Mas seria bobagem minha, esperar que a as pessoas parassem de olhar para o seu próprio umbigo e gastassem um tempinho se preocupando em cuidar um pouco dos que mais precisam de um ambiente onde possam se locomover sem tanto aperto.

Nos os ditos “deficientes”, hoje somos em grande número e não mais estamos dispostos a nos acomodar. Queremos viver nossas vidas, como todos. E com todos os nossos direitos e deveres de qualquer pessoa.

Não coloquem Obstáculos em nossos caminhos. Não sejam mais deficientes do que nós.

Elci Moreira de Souza

30/07/13

sábado, 20 de julho de 2013


 
 
 
 
Meu Deus

Fui criada numa família evangélica. E como evangélica aprendi desde cedo que existe um Deus. Ou seja, o Deus.

Deus de amor, que criou os céus e a terra. E tudo o que há no universo.

O Deus que me criou que me formou. E mesmo antes do meu nascimento, já sabia quem eu seria e cada luta de minha vida, Ele já conhecia.

Mesmo antes de meu nascimento, Ele já sentia cada dor que sinto hoje. E todas as minhas lágrimas o meu Deus transformou em alegria.

Deus me fez capaz.

E quando eu falo em capacidade, não me refiro somente à capacidade de superar todas as minhas dificuldades físicas.

Falo da maior dificuldade que uma pessoa pode encontrar na vida.

 A dificuldade que existe em nossos relacionamentos com o próximo, e em nosso relacionamento com Deus. Tais dificuldades podem ser um agravante para todos os outros problemas que encontraremos em nossa caminhada durante toda a vida.

Deus não depende de religião. Porém encontra-se em toda e qualquer religião onde exista alguém que tenha verdadeiros laços com a Verdade de Deus.

O Deus que eu conheço, é o Deus de Amor que não procura no homem a perfeição. Não escolhe cara nem corpo bonito. Muito menos classe social.

Deus procura o homem com um coração de cheio de amor, respeito e obediência.

Deus é belo. Deus é maravilha. E ama a todos da mesma maneira.

Nós homens é que fazemos a diferença entre nós.

Perdemos nossa paz fazendo guerras inúteis. Assim destruímos o nosso universo pessoal e muitas vezes semeamos discórdias e desamor em lugar de gozarmos as maravilhas tanto naturais quanto espirituais que temos. Muitas vezes, com nosso egoísmo desmedido, colocamos a nossa família em risco.

E Deus diariamente nos oferece o que Ele tem de melhor.

Deus, o pai que mais amou seu filho, diariamente nos oferece a vida de Cristo Jesus! Para que tenhamos vida.

E Vida em Abundancia!

Você vai desperdiçar isso, deixando que sentimentos mesquinhos façam apodrecer seu coração?

Pense e responda para você mesmo.

E escolha ser feliz com todos os que te rodeiam.

Escolha ser feliz com você mesmo em qualquer lugar, em qualquer igreja.

Procurando fazer o melhor para Deus, você estará fazendo o melhor para a sua vida.

 

Elci Moreira de Souza

1/07/2013

segunda-feira, 24 de junho de 2013



Eu Vi Aconteceu. 

 

Vi na T.Ve resolvi que era mentira.

Aí estava a imagem.

Mas era mentira.

Vi o velho morrendo na porta do banco

Que não abriu a porta.

Vi o pai matar o filho,

Que comeu o ultimo pão...

Mas era mentira.

Vi o Presidente da Nação,

Largar o povo e viajar de avião!

Eu vi o povo se brutalizando...

Na ignorância afundando.

Vi aconteceu.

A mãe vendeu a filha...

O filho morto...

O país no lodo.

E o político, paralítico,

Pobre diabo!

Vendendo a própria mãe,

Ganhar a eleição.

Eu vi.

Eu não quis acreditar no que aconteceu...

Era mentira!

....................................................................................................

Já faz muitos anos que escrevi este texto. E é com horror que sou obrigada a constatar, que por aqui, em nossa Nação e infelizmente no mundo inteiro, nada mudou. As desigualdades. Os preconceitos, a corrupção, só têm feito crescer assustadoramente!

Tudo o que se vê na TV hoje,com exceção de uns poucos programa infantis ou educativos,

São altamente prejudiciais à saúde moral e física.

Esses tipos de programas carregam em si, nem sempre facilmente percebido, um grande incentivo à violência.

E uma enorme gama de informações. Distorcida pela Mídia.

Que por só visar o lucro e bem estar de uma pequena minoria, não respeita os lares em que são introduzidas.

Ainda por agravante, nada próprias ao “consumo” dos pequeninos.

Que por sua vez são entregues a um aparelho que de forma alguma deveria ocupar o lugar de um adulto cuidadoso e consciente de sua fragilidade, e grande capacidade que tem de perceber e armazenar informações.

Não são sós as crianças que estão sujeitas a todo e qualquer tipo de influencia na maioria das vezes negativas, mas também aqueles que são a favor do que é belo e verdadeiro. Somos agredidos com um punhado de porcaria, que deveria estar no lixo.

Talvez, em outros canais aos quais me é vedado o acesso, dado ao fato de eu não pertencer à classe A, não se poça aplicar todo este texto.

E eu de certa forma, esteja redonda, ou parcialmente enganada.

E em algum lugar deste mundo, as pessoas se respeitem e respeitem a criança.

A final são elas as sementinhas com as quais será semeado o futuro deste Planeta.

E quem sabe em algum amanhã, em algum ponto qualquer deste Universo,

Não se possa encontrar uma velha senhora,

Sentada em sua cadeira de rodas,

Frente ao seu amigo e confidente computador escrevendo

_Eu vi na T.V...

Mas era mentira!

 

                                        Elci Moreira de Souza

                                                 4/4/2008

 

  

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A leitura faz bem para o corpo e alma. Ler um bom libro faz a gente sonhar. Lendo a gente fica mais leve.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Poesia morta

Pobre poesia a minha.                                                                     
Que não sabe ler nem escrever direito.
Mas que não abre mão dos seus direitos.
Embora cheia de defeitos,
Nunca desiste de me atormentar.
Pobre criatura essa,
Carente de mim para ser e se fazer estrelas.
Logo de mim!
Que também sou carente dela
Para ser e me fazer estradas
Pobre poesia...
Às vezes tenho ânsias de te desprezar.
Mas como faço para dela me livrar?
Poesia doida!!!
Se agarra comigo e me leva consigo,
Pra onde não sei.
Me leva em seus braços,
Por rios que traço,
Desfeita em pedaços.
As vezes que leio,
Assim tão absurdamente nua,
Tão crua...
Eu sinto ânsias de me contemplar.
Mas os traços que faço são os meus retratos
E estão em farrapos e não podem mais te explicar.
Pobre poesia burra...
Pobre poesia morta.

Elci Moreira de Souza
24/05/13

Google

Google
Perda

Outra vez a solidão me abala
E eu fico assim,
Meio perdida.
Só tão só...
E o que me resta
É procurar-me em mim.
É tão grande esse sentir,
É tão imenso que de novo,
Volto a sentir tormento.
E cai o medo outra vez assim,
Como o barulho tosco da tormenta.
Vai sufocando,
Sufocando,
E me tirando o ar.
Não sei por que
Hoje acordei assim.
E como se grande perda
Se anunciasse,
Eu vou sentindo medo,
De olhar em mim.

Elci Moreira de Souza
01/03/2013

terça-feira, 14 de maio de 2013

A Velhice

A alma descansa sobre as falhas...
Repousa mansamente sobre o tempo,
Apreciando indolentes
 Os minutos se escoando um a um eternamente.
 Um amanhecer sem fim,
De silêncios, saudades e procuras...
E a eterna procura revolve nossa mente,
Retirando do entulho, que restou,
Alguma coisa pra dar forças,
E ir em frente.

Elci Moreira de Souza
1/01/2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Cascatas Geladas

Esta manhã eu acordei com frio.
Aquele frio sem nome
Sem Dono,
Sem explicação.
Porque o calor das cobertas,
Não aquece meu coração.
Olhei o relógio e vi,
A minha alma chorando
Com fome de compreensão.
O sereno que do céu caía,
Cobriu-me de solidão.
A vida passou ao longe,
E deu adeus para mim.
Por que as horas do dia
Serão longas e sem fim.
E porque se fez inverno,
E a chuva vai cai de vagar
Inundando minha alma,
E me fazendo sonhar.
E tudo o que já foi verão,
E virou cascatas geladas.
Desfazendo meu verão.
 E o vento da madrugada
Gongela-me os ossos e a carne.
E a cabeça paralisa,
Com medo de ser feliz,
Enganando o coração.

Elci Moreira de Souza.
09/05/13

segunda-feira, 6 de maio de 2013



Perdido na praia

Vou te procurar nas praias do caminho,
E te encontrar perdido em desalinho.
Vou te procurar tão jovem,
Tão ardente,
E te encontrar,
Tão lindo, e transparente.

Vou te procurar, porque te quero assim,
Sorrindo plenamente.
Como quem da vida, fez seu canto.
À caminhar na areia quente cristalina,
Pisando os grãos
De poesia que o mar germina.

Vou te procurar menino,
Meu menino!
Quem sabe eu te encontro outra vez?
E desta vez,
Eu não consiga te perder pra vida.

São tantos os passos que dei,
Em tantos cantos eu já te procurei.
Que me perdi nas veias do caminho.
E minha história, por lá, deixei.

Agora ao teu lado envelhecendo,
Eu continuo procurando encontrar-te meu menino.
E mergulhando estou,
Nas praias do destino.

Elci Moreira de Souza.
25/6/09

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Google

Google
Descuido

Sou assim um resto d’esperança,
Pétalas derramadas de um jasmim.
Sou passado esquecido na lembrança,
Passos perdido por algum caminho.
Lembrar de mim, desejo,
Mas esqueço,
Os meus pedaços que ficaram por aí.
Se da vida me esqueci um dia,
Foi com certeza um descuido meu.
Quero esperança,
Quero luz,
Voltar a ser criança.
Querer, querer, querer!
Querer sair correr, voar,
Talvez partir.
E no infinito do céu azul, me afogar.

Elci Moreira de Souza
18/04/13                              

terça-feira, 30 de abril de 2013



Convite

Seu convite chegou em um momento,
Em que a vida parece querer me judiar,
Não sei se aceito e vou lá fora,
Ou se eu fico aqui para perder a hora.

Queria ter certeza.
Mas com certeza,
Ter certeza não é meu normal.
Eu me pergunto sempre como estou.
Se estou aqui,
Se estou lá fora.
Se fico aqui,
Ou se pra longe vou.

Só o que sei.
Seu convite chegou bem na hora!
Vou aceitar...
Contigo, vou seja onde for.
Saio daqui sem vacilar...
Contigo meu amor,
Vou à gualquer lugar.

Elci Moreira de Souza.
27/6/09
.


Minha mãe e tia



        Canto



Canto porque a música sai

Dos meus lábios,
Sem que eu poça controlar.

Canto porque estou só.
Canto porque a música sai
Do meu peito pra me aliviar.

Canto porque a música sai
Vestida de dor,
De saudade,
E me faz chorar...

Canto porque em meu canto
Encontro às ondas
Que levou meu mar.

No meu canto sozinha
Encontro-me a vagar no ar.
E as lembranças,
Derramam-se pelo meu cantar

Canto porque estou só
E só,
só levo saudades,
Em meu caminhar.

Canto porque meu canto
Enche-me de encanto,
Por isso eu canto.
Com dor,

Com saudade,

E desencanto.


E mesmo desafinada,
Eu canto.
E canto mesmo,
Sem saber cantar.
Porque meu canto,
É o meu jeito triste de chorar.


Elci Moreira de Souza.
                                                       24/09/06

Google

Google



Era


Era um tarde que caía.
Era uma noite que nascia.
Olhei para o céu e vi.
Vi a mistura de cores
Alucinando o céu.

De um lado o sol que morria,
Recolhia seu fogo ainda quente.
Do outro, a majestosa névoa negra,
Ameaçava escurecer a vida,
E esfriar o coração da gente.

Era a natureza que se repetia,
Fechei meus olhos e fui dormir.
Era em mim, a alma de pintor,
Chorando de emoção.



                                          Elci Moreira de Souza
                                                       1996

domingo, 28 de abril de 2013

Face ou Carta?
Sinto falta do tempo em que a comunicação era feita através de cartas. Não que eu recebesse muitas. Mas as poucas que tive o prazer de receber me trouxeram ternura carinho. E amor em forma de palavras curtas e simples.
Não raramente chegavam as nossas casas, trazendo um cheiro bom de amizade. Enfeitadas com lindos desenhos e crominhos que sempre nos remetia a um espaço de arte e sonhos coloridos.
Também tinha as cartas com notícias tristes, que ninguém queria receber.
E as cartas de amor?! Se fossem da pessoa amada se comparava a uma canção enchendo os corações de sentimentos mil. Muitas vezes mal escritas, mas quem as recebia, geralmente só entendia a mensagem, que trazia em suas linhas subscritas.
E na escola, a professora era quem primeiro nos ensinava a arte de escrevê-las. Aula que a gente aprendia facilmente. Aproveitando para enviá-las aquele menino ou menina, com quem a gente, não tinha coragem de dizer nem um simples olá! Pequeno papel, cheio de riscos e rabiscos, feitos por quem mal começara a viver e já se debatia entre em um atoleiro de sentimentos incompreensíveis, para almas tão despreparadas e nuas. Mas que quase sempre era recebida e escondida entre folhas amareladas de um caderno. E sempre terminava embaixo de algum brinquedo, colchão ou outro objeto do quarto. E acabava guardada eternamente no baú de recordações no fundo de um coração.
Bilhetes, cartas telegramas, são coisas do passado. Hoje, a nossa correspondência, se transformou em um punhado, de papeis frios e feios, que se não for cobrança, com certeza será propaganda comercial, ou pior ainda. Propaganda eleitoral.
Eu ainda estou bem. Pois tendo uma assinatura de Seleções do Reader’s Digest, espero sempre encontrar algum artigo interessante para ler, quando minha netinha vem correndo do portão gritando: Vó! carta pra você! Quase sempre reclamando por que não receber cartas também.  Na verdade ela não tem idéia, do que seria uma carta.
Antes inventaram o telefone. Objeto prático e de valor tão grade que se podia trocar por uma casa ou carro. Era moeda caríssima. Que logo se tornou popular e indispensável, mas saindo muito caras, as ligações foram ficando cada vez mais curtas e raras. E até mesmo frustrantes. Já que as empresas de telefonia deixam muito a desejar. Aí veio o celular que de tão comum ficou outra vez, impossível de atender as necessidades de todos nos. Ninguém com bom senso poderá passar horas, conversando, ou resolvendo seus problemas, no celular. Mesmo porque, são poucos os atendentes das empresas, bem preparado para lidar com o público.
Então o computador, que só estava ao alcance de poucos, tornou se peça comum e indispensável em quase todas as casas.
Aí chegou a internet. Com a chamada globalização, virando revirado e expondo o mais íntimo das pessoas.
E agora todos nós estamos na mesma panela.
Outro dia, minha filha, mostrou-me uma foto do nosso portão dos fundos, onde minha varandinha mostrava ao mundo, até minhas toalhas de banho no varal. Tudo fotografado no tempo e na hora por satélites.
Então, eu em cima dos meus sessenta e dois anos, estou quebrando a cabeça e aprendendo a usar o Facebook. Que agora é o meio mais comum de comunicação. Só não sei até quando.
Mas ainda me fica a pergunta:
Mandar recados para alguém que você ama, em um veículo público?
Estamos realmente nos comunicando? Ou simplesmente brincando de nos comunicar?
Conclusão.
-A Globalização nos tirou as cartas.
As visitas tão esperadas de parentes e amigos.
As conversas simples no portão. Quando o adulto “botava o papo em dia”, sentados em banquinhos rudes de madeira, ou cadeiras de ferro com almofadas artesanais. Senhoras com uma barriga redondinha teciam ponto a ponto aquele que seria, o primeiro casaquinho ou sapato de mais um membro daquela família. Meio afastado, em sua espreguiçadeira, um gordo senhor escondendo a cara nas folhas de um jornal ainda quente da gráfica, fingia não escutar a conversas das vizinhas.  Enquanto a gurizada corria e pulava ao redor aproveitado a fresca das tardes de outono.
A Globalização nos tirou não só a privacidade, mas está transformando nossas crianças em pequenos adultos com responsabilidades que antes era só pra gente grande .E finalmente, o infinito prazer de receber um olhar, um sorriso, uma palavra, e um abraço apertado e aconchegante, daquele “dileto” amigo.
Podem me chamar de velha. E sou mesmo. Mas ainda prefiro o calor simplicidade, e a intimidade das cartas.
Elci Moreira de Souza.
10/04/13

                                   
Só. Sou. Quero.


Sempre estamos sois neste mundo.
Embora um mundo nos cerque,
A solidão é doença,
Que nasce junto com a gente.

Sou uma faísca que se apaga,
Quando mergulho no implacável eu.

Quero me dar.
Repartir-me completamente.
Mas tem uma parte da gente,
Que não se abre pra nada.

É o recôndito abismo do interior.
Este “Eu”, infinito pecado ,
Que não se abre,
Nem para eu conhecer.

E tudo o que sou se abala.
No mistério que se cala,
Chorando a dor de ser.

Que não tem certa a certeza.
Que duvida da beleza,
Do que sou.
Ou do que venha a ser.


                                          Elci Moreira de Souza.
                                                   10/08/1997

Google

Google





Brisa Branca


O silencio se espalha por todos os cantos da minha casa.
Portas e janelas, irremediavelmente paralisadas.
Parecem me provocar.
Até mesmo por todos os armários e gavetas
Espalha-se e se avoluma de tal maneira,
Que nem sei explicar.
Nem uma música.
Nem um som.
Só mesmo essa falta do riso da Aninha.
De sua voz forte e travessa.
De sua alegria infantil tão rica tão pura,
Derrama-se por todos os lugares de meu quarto triste.
Estou só.
Só como sempre fui.
A mesma solidão que só se ameniza,
Quando todos voltam para casa.
É este silencio branco que se transforma em vento, em brisa fria.
E me congela a alma,
E mata mais uma vez a vida em mim.

                                   
                                        Elci Moréia de Souza
                                                 12/09/07